Quando a casa de João Emiliano Salamoni, 35, e Elvira Polippo, 55, começou a cair em Cruzeiro do Sul (RS), os dois se agarraram ao que podiam: pedaços de madeiras e uma caixa de isopor que serviu como colete salva-vidas.
Mãe e filho ficaram cinco dias apoiados em entulhos que emergiam das águas da enchente até conseguirem ajuda. O marido de Elvira tentou se salvar, mas foi levado pelas enchentes e, depois de nove dias, o corpo foi encontrado.
“Tinha água debaixo de onde estávamos apoiados, era uma plantação de arroz ali. Como era remanso do Rio Taquari, chegava tudo: bicho morto, entulho, pedaço de madeira. Era água embaixo e ao redor, ficamos ilhados.” – João Emiliano Salamoni
Pedindo ajuda pelo telhado:
No terreno onde viviam há mais de 10 anos, havia duas casas: uma mais nova, construída com material resistente, e a mais antiga. A família perdeu tudo.
Quando a chuva começou, eles levaram todos os pertences para a residência que ficava em uma zona mais alta— que era a casa mais velha. Mas a água começou a subir rapidamente.
Os três passaram a noite no “forro” da casa, que fica em uma parte abaixo do telhado. No dia seguinte (1º de maio), a água subiu ainda mais, chegando à altura do primeiro andar. Foi quando eles precisam ir até o telhado.
“Meu pai quebrou o telhado e ficou lá esperando algum helicóptero, mas não apareceu nenhum. A água não parava de subir e um galpão ao lado de casa começou a cair, tudo tremeu.” – João Emiliano Salamoni
João deixou o isopor com a mãe e o pai dele tentou pegar um barco que apareceu boiando, mas não conseguiu e acabou ficando na água, tentando retornar para a casa.
Por: UOL