O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira, concluiu, nesta segunda-feira (15), que julgamento ‘inadequado’ do piloto contribuiu para o acidente que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas em Piedade de Caratinga, a 243 km de Belo Horizonte, em novembro de 2021.
Durante a tarde desta segunda, o advogado da família de Marília havia informado à imprensa que o laudo da Força Aérea Brasileira (FAB) não havia apontado falha humana como causa do acidente. No entanto, o relatório final, divulgado no início da noite, diz que houve decisão inadequada do piloto em relação ao “perfil de aproximação para pouso”. O laudo revela que “a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada”.
Ainda segundo o documento, o piloto estava fisicamente e mentalmente saudável, considerado apto para o exercício de atividade aérea. No entanto, havia indicação de que ele usasse lentes para correção de astigmatismo. As investigações não puderam concluir se o piloto usava ou não as lentes no momento do acidente.
O relatório reforçou que “a visão é um dos requisitos mais relevantes para a operação de aeronaves” e que a percepção de profundidade pode ser distorcida por miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. Com a distorção, fios mais altos podem parecer estar mais distantes e tal efeito só é percebido em distâncias inferiores a 100 m, o que deixa pouco tempo ao piloto para reagir.
A investigação mostrou que os cabos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foram um obstáculo para o avião. Isso porque a linha de transmissão apresentava baixo contraste em relação à vegetação ao fundo, o que dificultava sua percepção.
“Uma vez que não foi possível confirmar se o PIC (piloto) fazia uso de lentes corretoras no momento do acidente, deve-se considerar que, em uma eventual ausência das lentes, haveria certa redução da sua acuidade visual e da percepção de profundidade”, aponta o documento.
De acordo com o Cenipa, a apuração não tem como objetivo “apontar culpados” nem causar “implicações judiciais”. “O processo é realizado com o propósito de prevenir novos acidentes e compreende a reunião e a análise de informações e a obtenção de conclusões, o que inclui a identificação dos fatores que contribuíram com a ocorrência, visando à formulação de recomendações sobre a segurança”, afirma o órgão.
R7