Por conta da tradição, proprietários de peixarias em Prudente projetam aumento costumeiro da comercialização de peixes durante período antecede a Páscoa
A tradição do consumo de peixe durante a Quaresma, ano após ano, aquece as vendas nos estabelecimentos que comercializam pescados em Presidente Prudente, cidade majoritariamente católica, de acordo com o IBGE (Instituto Brasil de Geografia e Estatísticas) em sua amostra de religião no Censo de 2010. Para 2023, não será diferente. Em todas as lojas consultadas pela reportagem de O Imparcial, a expectativa é alta para a Quaresma, que é considerada o “Natal” do segmento devido ao aumento do consumo de peixes neste período de 40 dias que antecede a Páscoa cristã.
“Para nós, vamos dizer assim, é como se fosse a época do Natal para o comércio”, pontua a proprietária do Santo Peixe Empório e Peixaria, Cynthia Russi Mendes. “Olha, a venda aumenta mais que 100% se comparada aos períodos normais do ano”, assinala a comerciante.
Segundo Cynthia, filé de tilápia, sardinha e o tradicional bacalhau são os peixes mais buscados pela clientela. “A gente tem dois tipos de público, então, é difícil falar para você qual sai mais. Mas, olhando os dois tipos de classe que nós temos, é a sardinha e a tilápia para um e para o outro público é o bacalhau e os peixes desossados”, aponta. Por lá, o quilo da tilápia sai na faixa de R$ 45, o da sardinha R$ 29 e o do bacalhau varia na faixa entre R$ 100 e R$ 200. Cynthia calcula que o aumento no preço do pescado em relação ao ano passado recaiu apenas no salmão.
A proprietária do Empório Santo Peixe relata que o movimento na loja, ao longo da Quaresma, cresce nas quartas e sextas-feiras e que o vai-e-vem chega a ser vertiginoso durante a Semana Santa.
Cenário positivo
O mesmo cenário se dá na Navio Peixaria e Rotisseria, no Mercado Municipal de Presidente Prudente. O proprietário da loja, Maciel Siqueira, conta que todo empresário do setor de pescado tende a se programar para as vendas durante a Quaresma, que, segundo ele, é um cenário sempre muito positivo.
No entanto, Maciel pontua que o início do período é um tanto conturbado por conta da piracema, o que impacta a demanda de peixes de água doce. “A sardinha, que é um dos potenciais de venda para este período, também está em baixa. Então, o período começou sem estes peixes, mas são colocadas outras alternativas para o consumidor”, relata. Na Navio, a projeção do aumento de vendas é de 30% a 40%. “Durante a Semana Santa, independente de religião, mais por uma questão de tradição, a venda passa dos 100% com certeza”. Por lá, a sardinha é o peixe preferido dos mais velhos e, entre os mais novos, os filés brancos estão no topo da lista. A faixa de preço se equipara ao do primeiro estabelecimento citado neste texto.
No Supermercado Estrela, o gerente de uma das unidades, Vinícius Borba de Sá, é direto ao falar sobre o aumento das vendas de pescados durante a Quaresma. “Com certeza [aumentam]. É uma questão cultural devido à religiosidade, não?”, indica Vinícius. “Ah, cada ano é diferente, mas é provável que cresça uns 30% tranquilamente”, pontua o gerente sobre a projeção do aumento de vendas de pescados na unidade.
Tradição familiar
A autônoma Maria de Oliveira, conhecida por “Dona Vina”, conta que, durante a Quaresma, guarda às quartas e sextas-feiras. Nestes dias, ela não consome carne vermelha. “Já vem dos avós. Meus avós que passaram essa coisa de não comer carne durante a Quaresma”, narra Maria. “É por causa da minha religião [católica]. A gente guarda penitência e também, quando podemos, fazemos doações para quem necessita”, pontua Dona Vina, que neste período, substitui o consumo da proteína provinda da carne vermelha por peixe, frango, legumes ou ovos. “A gente vai diversificando a comida no dia a dia”, comenta.
O Imparcial